A matança de animais de rua atingiu níveis assustadores no interior de Barra Velha e Balneário Piçarras nesta última semana. Segundo moradores de propriedades do interior, entre Medeiros e Medeirinhos, a crueldade acabou sendo filmada pelos proprietários, revelando atropelamentos, envenenamentos e até mesmo mutilações, com cães com olhos arrancados e deixados mortos às margens da estrada.
“Queremos que pelo menos tirem os bichos das estradas. E vamos denunciar, são dois dias seguidos de mortes”, revelou a moradora P., que procurou a Rede Marazul. Já a moradora A., que é ativista da causa animal, assegura que há moradores da própria região, que querem se livrar dos animais, e então optam pela crueldade.
A moradora A. mora em Itrajuba, bem perto do Medeiros, e tanto ela como seu marido já acharam vários atropelados e abandonados. “Eu retirei 10 deles da rua, que eu adotei, e agora tenho 15”, reforçou.
A. ainda reserva um espaço da casa para lar temporário, e chegou a abrigar 24 animais dois meses atrás. “Há o abandono e os maus tratos aqui em Barra Velha, e casos em que os próprios tutores colocam fora, maltratam”, detalha. A crueldade não tem divisa, já que em Balneário Piçarras, o drama é o mesmo.
“O que posso fazer eu faço. Mas o vídeo mostra muita crueldade, pois fazer isso com um animalzinho, furar os olhos, atropelar, é muito triste”, considera. A. e P. cobram ações da polícia e principalmente das autoridades. “Que as pessoas se conscientizem que cães e gatos não têm culpa pelo abandono, causado pela ignorância de muitas pessoas”, completa.
Barra Velha está, desde 2022, construindo um centro público de zoonoses, no bairro Vila Paraguai. A obra da Prefeitura, entretanto, está paralisada desde que a Operação Travessia afastou e prendeu parte do comando administrativo do Município. O atual secretário de Planejamento, Marcelo Cunha, diz que o prefeito em exercício, Daniel Pontes da Cunha (PSD), solicitou a revisão de todas as obras, e espera retomar a construção do espaço de zoonoses nos próximos meses.
A Fundação do Meio Ambiente de Barra Velha e a Prefeitura de Balneário Piçarras foram contatadas, em busca de informações sobre o conhecimento ou não dessa matança, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.