A alta nos preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como energia elétrica e gás, foi o principal fator de pressão para que a inflação dos brasileiros mais pobres encerrasse o mês de junho quase duas vezes maior que a dos mais ricos, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma desaceleração da pressão inflacionária de maio para junho em todas as faixas. No entanto, a pressão de custos ainda foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.650,50.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, encerrou o mês de junho com avanço de 0,53%, ante uma elevação de 0,83% em maio.
Em junho, a maior pressão sobre a inflação partiu dos gastos com habitação. A energia elétrica subiu 1,95%, devido ao acionamento da bandeira vermelha patamar 2.
"As variações do gás de botijão e do gás encanado, por sua vez, seguem impactadas pela alta dos preços internacionais e já acumulam variações de 16% e 14,2% no ano, respectivamente", ressaltou a nota do Ipea.
O aumento de 1,10% nos gastos com habitação em junho respondeu por 40% da inflação percebida pelas famílias mais pobres, um impacto de 0,24 ponto porcentual.
"Para as famílias de renda mais baixa, observa-se que, mesmo diante da deflação apresentada em itens importantes - como cereais (-0,73%), tubérculos (-11,2%) e frutas (-2,7%) -, as altas das carnes (1,3%), das aves e ovos (1,6%) e dos leites e derivados (2,2%) fizeram com que o grupo alimentação e bebidas se constituísse sendo o segundo maior foco de pressão inflacionária.
A inflação acumulada em 12 meses até junho foi de 9,24% para as famílias mais pobres, patamar bem acima dos 6,45% observados no segmento mais rico da população.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar de até R$ 1.650,50 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 16.509,66, no caso da renda mais alta.
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15/07/2021