O governo espanhol ativa pela primeira vez uma cláusula da Constituição criada para nunca ser utilizada.
A última opção contra uma autonomia que “prejudique o interesse geral de Espanha” prevê, no caso catalão, a dissolução do governo regional e um direito de veto sobre as decisões do parlamento até à convocação de eleições regionais no prazo de seis meses. Durante este período, Mariano Rajoy, enquanto chefe do governo central deverá assumir igualmente a tutela direta da região, um poder que inclui igualmente o controlo da polícia regional, das finanças autonómicas e dos órgãos de comunicação social públicos, nomeadamente a Radio e Televisão da Catalunha.
As medidas previstas ao abrigo do artigo 155 da Constituição, são consideradas como as mais duras possíveis, conduzindo a uma suspensão de facto da autonomia e do autogoverno catalão.
Madrid que espera uma forte resistência dos funcionários públicos regionais, nomeadamente nos canais públicos, ameaça já suspender os salários a todos os trabalhadores que rejeitem as medidas.
Mas a posição dura de Rajoy foi ontem suavizada por uma emenda aprovada no Senado, proposta pela oposição socialista que prevê uma aplicação gradual do artigo, “dependendo das circunstâncias”. Uma forma de deixar a porta aberta a um possível recuo na linha dura de Madrid, caso Barcelona decida convocar, por si só, um sufrágio antecipado.
Uma decisão, no entanto, complicada pela destituição imediata do governo regional assim que a aplicação do artigo seja aprovada no Senado.