A ex-ministra da Cultura francesa, Audrey Azoulay, foi eleita como diretora-geral da UNESCO pelo Conselho Executivo da organização, ao derrotar, na votação final, o qatari Hamad bin Abdulaziz.
Azoulay obteve 30 votos dos 58 que compõem o Conselho executivo, devendo assim substituir a búlgara Irina Bokova, que ocupou o cargo nos últimos oito anos.
Audrey Azoulay é especialista em cinema. Avançou com a candidatura para a liderança da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura à última hora, em março passado, ao argumentar que “a França tem grande legitimidade na cultura, educação e nas ciências”.
No decurso da sua campanha citou mesmo o estadista francês e figura do socialismo, Léon Blum (1872-1950), para quem a UNESCO deveria ser “a consciência das Nações Unidas”.
No entanto, apenas se dedicou totalmente à candidatura após ter abandonado o ministério, na sequência da vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais de maio.
Uma vida franco-marroquina
Audrey Azoulay nasceu em agosto de 1972 em Paris, numa família judia marroquina natural de Essaouira. O seu pai é o banqueiro e homem político André Azoulay, conselheiro do atual rei de Marrocos, como foi de seu pai, Hassan II. A sua mãe é a mulher de letras Katia Brami.
A eleição de Audrey Azoulay só deve ficar confirmada a 10 de novembro com a votação de todos os Estados-membros – na Assembleia geral da ONU.
Uma escolha feita em tempo de crise para a UNESCO
A eleição da nova diretora-geral quase coincidiu com a decisão dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, em abandonar a UNESCO, ao acusar a organização de posições “anti-israelitas”.
O Departamento de Estado dos EUA disse, na quinta-feira, que a saída entrará em vigor a 31 de dezembro de 2018.
Os Estados Unidos suspenderam em 2011 o seu financiamento da Unesco devido à votação da organização para incluir a Palestina como membro.
Atualmente, Washington deve cerca de 465 milhões de euros à instituição.
Pouco depois do anúncio de Washington, Telavive também anunciou que se vai retirar da UNESCO devido ao “preconceito” anti-israelita que imputa à instituição, e que considera ter-se tornado num “teatro do absurdo”.
Com Lusa