O Papa Francisco visita uma Colômbia dividida entre os que apoiam o acordo de paz e os que estão contra. O Padre Darío Echéverri, que participou nas negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), espera que a visita do Papa possa reforçar o processo: “O Governo quer que o Papa, com toda a sua autoridade moral, venha referendar o que o Governo fez e pelo que arriscou tudo. Eu não entendo que eu, como padre, queira que a visita papal não fique atolada ou reduzida a isso”.
Seis mil vítimas do conflito vão participar num ato de reconciliação, com o Papa Francisco. Consuelo González é uma delas. Esteve sete anos sequestrada pelas Farc. Considera que o perdão é necessário para ultrapassar a divisão que a preocupa: “Foi muito o sofrimento que se causou às famílias, as amizades que eram valiosas e que hoje estão afetadas pelas posições assumidas durante o processo de paz. Não podemos contribuir para que a Colômbia continue a viver uma época de ódio”.
O irmão de Angela Giraldo foi assassinado pelas Farc. Esta colombiana gostava que as vítimas tivessem outro papel: “As Farc vão ter lugar no Parlamento, para defenderem alguns pontos do acordo de paz. Nós, as vítimas não vamos ter qualquer representação no Congresso”. Nem todas as vítimas das Farc estão a favor do acordo de paz. “As vítimas que se opõem ao processo de paz fazem-no por causa do mesmo ambiente de confrontação que vivemos na Colômbia. Há alguns que o vêem de maneira política e pensam que apoiar o processo de paz é apoiar o presidente Santos e que estar contra o processo é estar a favor do presidente Uribe”, explica a vítima das Farc.
“A divisão na Colômbia pode aumentar com a aproximação das eleições presidenciais de 2018. Aqueles que estão contra o acordo de paz já disseram que o podem rasgar se ganharem. Parece difícil que a visita do Papa Francisco contribua para acalmar os dois lados”, sublinha o nosso correspondente na Colômbia, Héctor Estepa.