Com António Oliveira e Silva
Desde sexta-feira que o jornalista francês Loup Bureau se encontra detido no sudeste da Turquia. Ancara diz que o reporter é suspeito de atividades terroristas relacionadas com os combatentes curdos na Síria. Foi abordado pelas autoridades locais na semana passada.
Em entrevista com a Euronews, Johann Bihr, da organização Repórteres Sem Fronteiras, explicou que Bureau tem muita experiência no terreno e em teatros de guerra:
“Fez muitas reportagens em terrenos complicados durante anos. Esteve na Ucrânia durante a revolução e durante a invasão da Crimeia. No Egito, ficou um ano depois da revolução. Esteve também no Afeganistão e no Paquistão. Em 2013, foi ao Curdistão sírio para trabalhar sobre o Daesh. Queria continuar esse trabalho e por isso estava na região”, disse o representante da RSF.
A organização Reporters Sem Fronteiras considera que a liberdade de imprensa se encontra seriamente ameaçada na Turquia, especialmente depois da tentativa de golpe de Estado militar de 2016 e da consequente declaração do estado de emergência.
Uma situação que, segundo Johann Bihr, tem fornecido ao Estado turco motivos para aniquilar a liberdade de expressão no país:
“No quadro do estado de urgência, declarado há um ano, mais de 150 meios de comunicação foram eliminados. Mais de 100 jornalistas estão detidos. A Turquia é a maior prisão de jornalistas no mundo. Restam poucos jornais de difusão limitada para falar de pluralismo na Turquia”, disse Bihr, em entrevista à Euronews.
O caso deste repórter independente francês recorda o episódio de outro fotojornalista, também frances, Mathias Depardon, fotojornalista, detido também no sudeste da Turquia maio passado e posteriormente libertado, graças à mobilização do governo francês.