Gestão Esportiva: Edu Gaspar, cooordenador técnico da Seleção Brasileira

2018-01-29 1

A gestão do futebol passa diretamente por novos profissionais do esporte, que se especializam e tornam cada vez mais a paixão de milhões de pessoas pelo mundo. Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF, é uma dessas pessoas. Edu foi o primeiro palestrante da sessão "Gestão Esportiva – Novas ideias para a gestão do esporte no Brasil" durante o primeiro dia da 2ª edição do Somos Futebol – Semana de Evolução do Futebol Brasileiro.

Edu Gaspar seguiu os passos acadêmicos da família. Com o pai formado em Música e o irmão graduado em Filosofia, a carreira de sucesso no futebol acabou nos gramados, mas teve sequência nas leituras e no estudo da gestão do esporte mais popular do mundo. O que Edu falou em aproximadamente uma hora de palestra foram os conceitos desta carreira, com o cotidiano, tomada de decisões e sua relação direta com a comissão técnica. No caso dele, Tite.

– Meu papel eu resumo com essa simples frase: "ele pensa no que é dele, e eu penso no que é bom para ele". Eu preciso tomar as decisões pensando com a cabeça do treinador. Eu tenho sempre que estar muito alinhado com ele. Eu preciso de todos os departamentos, marketing, comunicação, competições, esteja integrados ao nosso processo. Eu faço o filtro de todos os departamentos para que chegue a comissão técnica o que eles precisam saber – explicou o ex-jogador.

Com experiência de quase dez anos atuando no futebol europeu, entre Arsenal e Valencia, Edu não parou em sua experiência de vestiário como atleta. Hoje, como coordenador técnico da Seleção e fiel escudeiro de Tite nesta campanha rumo à Copa do Mundo 2018, ele destacou a relação com os clubes e o cuidado que os atletas são trabalhados no ambiente Seleção.

– Eu preciso dos clubes. Quanto melhor relacionado eu estou com os clubes, melhor eles podem me entregar os atletas do jeito que a gente espera. Logo depois que os atletas saem da convocação, os clubes já recebem um relatório de tudo que aconteceu: da parte física a parte clínica – relatou o coordenador.

O microciclo da Seleção

A ainda recente experiência de Edu Gaspar com a Seleção Brasileira resultou de uma explanação de cada microciclo que percorre a Canarinho a cada convocação e a cada compromisso dos comandados de Tite.

Tudo começa na pré-convocação, com a observação dos atletas, observação dos atletas adversários e preparação de material individual e coletivo, como vídeos e relatórios de desempenho. Após a convocação, de acordo com o que Tite pensa em termos de sistema de jogo, começa o processo de pré-apresentação, onde a comissão técnica acompanha a atuação, realiza o controle de lesões e jogos in loco dos atletas convocados e pré-convocados.

– Na Seleção é diferente, pois se ele gosta de um 4-1-4-1, ele convoca. Dentro das características dos atletas que ele gostaria, como uma linha um pouco mais rígida, um primeiro volante mais forte e com saída de bola, um flutuador, ele convoca. É diferente, mas o que deu a ele a segurança de fazer o 4-1-4-1 foi o "estudar no clube" para chegar na Seleção e estar dominado um sistema de jogo. Obviamente que o Tite estuda outras maneiras de atuar, mas estou dando aqui a importância do domínio de um sistema e entender as características de cada atleta para o sistema – explicou Edu.

Durante o período de treinos e jogos, o staff da Canarinho prepara o banco de imagens, realiza feedback com vídeos corretivos, enumera scouts das partidas e acompanha os adversários in loco, já pensando na análise pós-jogo do material. E o ciclo se reinicia, com os jogadores de volta aos clubes, e a Seleção à espera do próximo compromisso em campo.

Edu e a gestão de equipe

Para Edu, gerir uma equipe é assumir a responsabilidade de aceitar a pressão com resiliência, de desenvolver processos. Liderança é uma palavra de dois pilares: conteúdo e respeito. Ele acredita que sua formação de conteúdo acadêmico, assim como fez seu pai e seu irmão, também lhe oferece conteúdo para compartilhar com a equipe.

E, acima de qualquer outro princípio e visão, para Edu Gaspar o esporte transcende o gramado. Além das pessoas que correm em campo, das que sentam no banco e os que trabalham à beira do gramado, o futebol faz parte da vida de muito mais gente:

– Futebol é um pilar da sociedade e influencia diretamente a vida das pessoas.

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