Jovem deixou 14 livros escritos à mão e criptografados antes de sumir, diz mãe _ AC _ Acre _ G1

2017-04-05 36

tudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, está desaparecido desde a última segunda-feira (27) em Rio Branco. Uma semana após o ocorrido, a mãe dele, a psicóloga Denise Borges, falou com exclusividade ao G1, mostrando uma série de razões que a fazem acreditar que o caso não se trata apenas de mais um sumiço de pessoa.
O desaparecimento do jovem é investigado pela Polícia Civil do Acre. O coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), delegado Fabrizzio Sobreira, afirmou que todas as possibilidades estão sendo consideradas, mas que o caso segue em sigilo.
A última vez que os parentes o viram foi durante o almoço convencional com a família, na segunda-feira, após os pais voltarem de uma viagem de mais de 20 dias. Denise conta que Bruno voltou para casa e todos seguiram o dia normal de trabalho.
Mais tarde, o pai de Bruno, o empresário Athos Borges, retornou para a residência da família em Rio Branco e percebeu que o filho não estava. "Eu fui a última pessoa a ver o Bruno. Eu deixei ele na esquina de casa e dali eu fui embora. Ele falou até mais pai, e a partir dali a gente não teve mais notícia".
Atrás da porta do quarto, mantida 24 dias trancada enquanto os pais viajavam, no lugar de móveis, uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), por quem tem grande admiração, orçada em R$ 7 mil, e 14 livros extremamente organizados, escritos à mão. Alguns deles copiados nas paredes, teto e no chão. Todas as obras – identificadas por números romanos – criptografadas.
O desaparecimento de Bruno só foi percebido quando o pai entrou no quarto e viu as mudanças que haviam sido feitas no local. "Eu entrei lá e não vi a cama, não vi nada, só vi aquilo tudo. Naquele momento eu vi que o Bruno tinha ido embora", conta o empresário.
Enquanto os pais viajavam, Bruno ficou em casa com o irmão gêmeo Rodrigo Borges, que não quis comentar o caso, e Gabriela Borges, a irmã mais velha.
"Ele falava que era o projeto dele, eu questionava o porquê que não poderia saber o que era o projeto e ele me disse que iria me contar o que era em duas semanas. As pessoas falam porque que você não foi lá e abriu aquela porta? As pessoas têm que entender que não se tratava de uma criança, é um adulto e tem a privacidade dele. Me incomodava, mas eu não podia arrombar a porta", disse Gabriela.
A irmã conta ainda que Bruno chegou a deixar uma chave que relaciona letras aos símbolos e, com base nisso, os irmãos conseguiram traduzir algumas coisas. "O título de um dos livros é 'A teoria da absorção do conhecimento'", contou Gabriela.
O mistério repercutiu nas redes sociais depois que um vídeo – gravado sem autorização da família – viralizou.
No quarto, os escritos são feitos de forma impecável, com precisão e simetria, como em uma página de caderno. Várias simbologias foram desenhadas no cômodo e também ao redor da estátua. Um quadro na parede em que Bruno aparece sendo tocado por um extraterrestre também mostra o interesse do jovem pelos mais diversos assuntos.
Denise lembra que o filho havia falado, há bastante tempo, de um projeto em que estava trabalhando e para o qual precisaria de dinheiro. Em resposta, ela falou que patrocinaria se soubesse do que se tratava, pedido que foi rejeitado. Segundo a mãe, Bruno iniciou a produção em 2013 e, há um ano, passou a se dedicar na finalização.
“Ele dizia que era secreto e não dei o dinheiro. Então, começou a procurar pessoas que acreditassem nele sem contar o que era o projeto. Ele só me falava que estava escrevendo 14 livros que iriam mudar a humanidade de uma forma boa. Ele me pediu um ano sem trabalhar para terminar e eu, orientada por um médico, deixei”, fala.
Ainda sem saber o que os livros escondem, a mãe revela que até o dia 1° de março, data em que viajou de férias, o quarto de Bruno estava com os móveis habituais. Os outros dois irmãos, no entanto, revelaram que, a partir da saída dos pais, a porta passou a ficar sempre fechada. Foram exatos 22 dias fazendo as mudanças.
“Antes disso, tinha escrito cinco livros. Um deles ele queria patentear, porque havia lançado uma teoria. Ele me pediu ajuda e eu disse que iria ler. Li três vezes. Somente na terceira, quando fui ler, entendi. Nunca tinha visto uma coisa daquela, era perfeita a teoria dele, que somos interligados em tudo. Ele queria patentear e eu não dei conta”, diz.
A estátua de Giordano Bruno – réplica da que existe no Campo dei Fiori, em Roma – é um dos objetos emblemáticos. A família ressalta que não sabe exatamente em que momento o artefato entrou na casa. A peça foi produzida na capital acreana e levada à residência na semana passada em um momento que o jovem estava sozinho.
O dinheiro para custear o projeto, de acordo com Denise, Bruno conseguiu com um primo, R$ 20 mil. “Tem muitos anos que ele vem estudando filosofia, era muito fã de Giordano. Meu filho sabe falar sobre qualquer assunto, tem uma capacidade intelectual muito alta. Já leu a Bíblia toda e a obra de Shakespeare inteira”, relata.
Muitas teorias envolvem o caso.

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