GENERAL ANTÓNIO DE SPÍNOLA - A PALHAÇADA À PORTUGUESA DO 11 DE MARÇO DE 1975

2017-03-01 2

Spinola Ataque ao RAL1 - Golpe 11 de Março de 1975


PROCESSO REVOLUCIONÁRIO e CONTRA-REVOLUÇÃO Ana Saldanha
O processo contra-revolucionário português: o golpe Palma Carlos, a Marcha da Maioria Silenciosa e o 11 de Março
Entre as tentativas de destruição do processo revolucionário, a primeira ficou conhecida como golpe Palma Carlos.
A 16 de Maio de 1974 toma posse o primeiro governo provisório, no qual se encontram representadas todas as tendências políticas. Desde logo, António de Spínola, a Junta de Salvação Nacional (JSN) e o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) tentaram mudar política e militarmente a nova ordem revolucionária. Com o objectivo de diluir o MFA nas estruturas tradicionais das Forças Armadas e de reestabelecer as hierarquias, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Costa Gomes, decreta, a 24 de Maio, a inserção de todos os oficiais, sargentos e praças no MFA. Apesar disso, «o MFA não se extinguirá nem diluirá noutras estruturas»1. Paralelamente, num apelo às imagens imperialistas e heróicas nacionais, Spínola reafirma o imperialismo português em África, e, tentando manter vivo o mito da conspiração, responsabiliza o Partido Comunista Português (P.C.P.) pela confusão instalada e pela perda dos territórios africanos, prestes a concretizar-se2. Américo Tomás e Marcello Caetano, pela mão da JSN, são enviados para o Brasil:
1 M.I. Rezola, 25 de Abril: Mitos de uma Revolução. Lisboa: Esfera dos Livros, 2007, p. 76. 2 Cf. Ibid. 3 “Nota da Comissão Executiva do Comité Central do PCP”, 20-05-1974 [em linha], Portugal: Partido Comunista Português. Acedido em 20 de Março de 2012, em: http://www.pcp.pt/actpol/temas/25abril/cp19740520.html
Hoje, dia 20 de Maio, o Povo Português tomou conhecimento com surpresa e apreensão de que a Junta de Salvação Nacional, depois de ter negociado com o Governo do Brasil, permitiu que saíssem para este pais os ex-governantes fascistas Américo Tomás e Marcelo Caetano. O Partido Comunista Português não partidário de uma política de vindicta, mas num momento em que ainda estão por apurar as responsabilidades nos crimes do regime deposto, esta medida não pode deixar de chocar profundamente a classe operária, os trabalhadores, todos os que sofreram durante quase 50 anos a repressão e a tirania fascistas3. No dia 13 de Junho, numa reunião entre a JSN e o MFA, Spínola considerou estarem reunidas as condições para que lhe fossem atribuídos plenos poderes, atacando, em paralelo, a Comissão Coordenadora do MFA. O P.C.P. alerta:
A estratégia da contra-revolução condensa-se em seis direcções: 1) Dividir o movimento popular e quebrar a sua aliança com as Forças Armadas; 2) Criar dificuldades económicas, conduzindo o País a uma grave crise que levantaria
amplos sectores da população contra o Governo Provisório; 3) Provocar dificuldades nas classes trabalhadoras e nas camadas médias e agudizar os conflitos sociais, criando um clima de desassossego, de intranquilidade.