Drogas e capitalismo, o que os cartéis de drogas aprendem com empresas como o McDonald’s. Fusões, franquias e aquisições: as estratégias dos cartéis estão cada vez mais parecidas com as das grandes empresas.
Traficantes e executivos estão cada vez mais semelhantes. Que o diga Joaquín “El Chapo” Guzmán, chefão do principal cartel mexicano, preso em janeiro pela terceira vez. Ele foi recapturado semanas após dar uma entrevista ao ator Sean Penn, na Rolling Stone. Tal qual os mais famosos CEOs, El Chapo frequentou a lista das cem pessoas mais poderosas publicada pela Forbes, que também o incluiu em seu rol de bilionários. No fim das contas, as semelhanças cada vez mais evidentes entre megatraficantes e empresários são um efeito, não a causa. Aos poucos, a diferença entre o Cartel de Sinaloa e a Amazon ou o Walmart passa a se restringir a dois aspectos: os produtos e os serviços.
Trabalhando como correspondente da revista The Economist no México, o jornalista britânico Tom Wainwright logo se deu conta das semelhanças entre os negócios legais e os ilegais. Ele narra a história no livro Narconomics: How to Run a Drug Cartel ("Narconomics: Como Comandar um Cartel de Drogas", sem edição brasileira). Apesar do título divertido, referência à série de livros Freakonomics, a obra é fruto de uma pesquisa aprofundada, incluindo entrevistas com políticos, traficantes e estudiosos, além de dados sobre as movimentações dos bandos. A ideia é discutir como políticas públicas poderiam frear o avanço dos lordes da droga.
“Mesmo que se torne mais difícil entrar com drogas nos Estados Unidos, o efeito não seria particularmente desejável”, afirma Wainwright à GALILEU. No livro, o jornalista conclui que as políticas de combate ao tráfico praticadas até hoje falharam. Enquanto Donald Trump defende que o México pague a construção de um muro na fronteira americana, o autor argumenta que o resultado desse tipo de iniciativa seria o aumento dos preços das drogas, mas não uma queda no consumo. “Mais dinheiro seria injetado na economia do crime”, ele diz. “Se os cartéis pudessem votar, eles votariam em Trump.”
A cocaína é uma droga obtida a partir da planta Erythroxylum coca, que pode causar a elevação ou diminuição do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, etc. Altas doses da droga podem causar convulsões, arritmias cardíacas, coma e até mesmo a morte. A Erythroxylum coca é originária da América do Sul. Sabe-se que as folhas da planta já eram utilizadas há mais de 1200 anos pelos povos nativos do continente, sendo consumida principalmente sob a forma de chá. Vale lembrar que, neste caso, a absorção do princípio ativo da planta é muito baixa.