O presidente mexicano voltou a afirmar que não vai pagar o muro de Trump na fronteira entre os dois países e ameaça lançar uma batalha nos tribunais, através dos consulados, para defender os migrantes mexicanos.
Donald Trump assinou ontem um decreto onde autoriza o reforço da barreira entre os dois países, ao mesmo tempo que uma delegação mexicana se reunia com a nova administração em Washington.
Enrique Peña Nieto mantém, por agora, a decisão de se reunir com Trump no final do mês na Casa Branca.
O presidente mexicano ameaçou recorrer aos 50 consulados do país nos EUA para defender, em tribunal, os migrantes do país, através de recursos contra as deportações.
“Eu lamento e desaprovo a decisão dos EUA de prosseguir a construção deste muro que, durante anos, em vez de unir criou divisões. O México não acredita em muros e como já o disse vezes sem conta, o México não vai pagar nenhum muro”.
Mas na capital mexicana são cada vez mais as vozes que pedem ao presidente que cancele a reunião em Washington.
Para uma manifestante anti-Trump:
“O muro não vai mudar nada. Nenhum muro pode bloquear a fome. Os muros que já existem conseguiram parar a migração? A resposta é não”.
Em Ciudad Juarez, junto à fronteira com os Estados Unidos, um muro, finalizado em 2010, conseguiu reduzir o fluxo de clandestinos de forma drástica, fazendo disparar a violência e o tráfico de droga na cidade.
Atualmente quase metade dos clandestinos que atravessam a fronteira fazem-no com um visto de turista e não “a salto”.
“Penso que necessitamos de fazer avançar o debate para lá das críticas ao muro, é preciso sentar-se com Trump e discutir um plano que funcione melhor pois sabemos aqui na fronteira que os muros não funcionam”, afirma o analista Jesus Pena.
Segundo uma sondagem recente realizada dos dois lados da fronteira, 72% dos norte-americanos e 86% dos mexicanos estão contra a construção do muro.