A Irlanda do Norte vai regressar às urnas, no próximo dia 2 de março, para tentar pôr fim à atual crise política entre unionistas e nacionalistas no executivo paritário.
A data do sufrágio antecipado foi anunciada esta segunda-feira,depois do partido Sinn Feinn ter rejeitado nomear um novo vice-primeiro-ministro para substituir o demissionário Martin McGuiness.
O partido católico acusa a primeira-ministra protestante de má gestão na atribuição de subvenções a empresas na área das energias renováveis.
Uma gestão danosa que, segundo o partido nacionalista, teria representado mais de 550 milhões de euros de perdas para os cofres públicos.
Segundo o deputado Conor Murphy do Sinn Feinn :
“Não vamos regressar às instituições previstas nos acordos de sexta-feira santa enquanto não assistirmos ao fim da corrupção destas instituições e dentro destas instituições. Não podemos regressar a este entendimento sem uma mudança radical na forma como o Partido Democrático Unionista (DUP) entende a partilha de poder”.
Londres pediu aos dois campos da região semi-autónoma que restabeleçam o diálogo, no quadro do executivo paritário previsto nos acordos de paz que puseram fim a três décadas de conflito no território.
A primeira-ministra norte-irlandesa, Arlene Foster, agora demissionária, não esconde a revolta:
“Nem a Irlanda do Norte nem a sua população necessitam de uma eleição. Face à ativação do artigo 50 para abandonar a União Europeia, a um novo presidente norte-americano e a uma economia global volátil, a Irlanda do Norte precisa mais do que nunca de um governo estável”.
Londres teme que a atual crise política fragilize os acordos de 1998 que prevêm, independentemente do resultado do sufrágio antecipado, uma coligação entre os dois campos e os dois partidos no governo regional.
A queda do governo paritário representa a maior crise política no território em mais de uma década e poderá ter implicações internacionais, nomeadamente ao nível do calendário do “Brexit”. A primeira-ministra britânica Theresa May terá que esperar pelas eleições de 2 março para poder submeter ao novo parlamento regional o pedido de ativação do artigo 50, relativo à saída do Reino Unido da União Europeia.