O iraniano Arash Sadeghi cumpre este sábado o 69.° dia de greve de fome, em protesto pela liberdade de pensamento da mulher, detida no final de outubro.
Golrokh Ebrahimi Iraee foi presa por ter escrito um romance não publicado baseado numa personagem feminina que queima uma cópia do Corão, o livro sagrado do Islão, após ver um filme sobre apedrejamentos no Irão e também por algumas publicações na rede social Facebook.
Iranian activist #ArashSadeghi is under hunger strike for 68 days to protest the unjust detainment of his wife. #SaveArash pic.twitter.com/XxRBdtLM9V— Impact Iran (@impactiran) 30 de dezembro de 2016
O casal está atualmente na prisão. Ela, a cumprir uma pena de seis anos. Ele, uma pena de 15 anos por alegada “associação e conspiração contra a segurança nacional”, “propaganda contra o Estado”, “propagação de mentiras na internet” e “insultos ao fundador do República Islâmica”, lê-se na página de internet Direitos Humanos Iranianos
Sob vigilância desde 2009, quando foi preso pela primeira vez, Arash Sadeghi já havia sido sentenciado em 2010 a quatro anos de prisão, com pena suspensa, por “associação e conspiração contra a segurança nacional” e “propaganda contra o Estado”, numa altura em que o presidente iraniano era o conservador Mahmoud Ahmadinejad.
Voltou a ser julgado este ano e condenado a 15 anos de prisão efetiva, que começou a cumprir a sete de junho na orisão Evin, em Teerão, depois de ter participado numa manifestação pacífica pelos direitos civis no Irão, onde por exemplo o acesso à rede social Twitter é proibido e muito difícil de obter. Mas foi na rede social do “passarinho azul” e dos 140 carateres que nasceu e cresceu de forma global uma campanha de apoio a Arash Sadeghi e Golrokh Ebrahimi Iraee.
#SaveArash (Salvem Arash) chegou a ser durante várias horas a “hastag” mais partilhada através do Twitter na sexta-feira, 30 de dezembro.
Iranian activist Arash Sadeghi is under hunger strike for 68 days. His request: release my wife who is unjustly detained. #SaveArash pic.twitter.com/qqVtyOShS4— IranHumanRights.org (@ICHRI) 30 de dezembro de 2016
A greve de fome começou a 24 de outubro quando a mulher, contabilista de profissão, foi levada de casa para a prisão.
“As minhas histórias e poemas foram confiscados na noite que os agentes fizerem buscas na nossa casa. Após o terceiro dia de inquérito, os interrogadores pressionaram-me e acusaram-me de insultar o sagrado. Fui questionada dezenas de vezes sobre a queima do Corão na minha história”, relatou Golrokh Ebrahimi Iraee, cuja defesa se centrou na alegação de que se tratava apenas de uma história ficcionada, o que não foi tido em conta e lhe custou “a pena máxima” para o crime de que foi acusada.
A escritora amadora, citada pelo site Direitos Humanos Iranianos, acrescentou que também o marido foi pressionado. “Ele foi colocado numa posção em que podia ouvir os interrogatórios sobre a queima do Corão e a forma como fui ameaçada com a execução. Oprimiram