O antigo ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, apresentou esta quarta-feira a sua candidatura independente, alegadamente “fora do sistema”, às presidenciais de maio.
O antigo banqueiro que abandonou em Agosto o governo socialista apresenta-se como uma alternativa ao que considera ser o atual sistema partidário.
O anúncio da candidatura ocorre depois de meses de promoção do seu novo movimento, “em marcha”, uma longa caminhada com que Macron espera obter votos tanto à esquerda como à direita, com um programa liberal e pró-europeu.
“Eu vi do interior o vazio do nosso sistema político que impede uma maioria de ideias sob o pretexto que estas fragilizam os aparelhos, os partidos tradicionais, os interesses adquiridos, e que não defendem o interesse geral mas os seus próprios interesses”, afirmou Macron.
O anúncio surge no mesmo dia em que a candidata presidencial de extrema-direita, Marine Le Pen, inaugurou a nova sede de campanha, nos arredores do palácio do Eliseu em Paris.
O cartaz de Le Pen, não inclui o logotipo da Frente Nacional, ostentando uma rosa azul, segundo a candidata “anti-sistema”, o símbolo da síntese entre a rosa socialista e o azul dos conservadores. “Em nome do povo”, é o slogan oficial de Le Pen, que foi uma das primeiras políticas francesas a saudar a vitória de Donald Trump nos EUA.
“Estamos a assistir a um movimento mundial que rejeita a globalização descontrolada, o ultra-liberalismo destruidor, os confrontos entre povos e que rejeita o desaparecimento das nações”, afirmou Le Pen.
Os dois candidatos que se apresentam como “fora do baralho” prometem abalar a corrida para as primárias dos conservadores do Partido Republicano, cuja primeira volta decorre este domingo.
O candidato mais centrista, o septuagenário Alain Juppé, antigo primeiro-ministro, é dado como favorito no escrutínio, quando disputa o mesmo eleitorado centrista que Emmanuel Macron. Em segundo lugar, o ex-presidente Nicolas Sarkozy continua a apresentar-se como uma alternativa mais à direita, quando as sondagens antevêem um possível confronto de um candidato de direita com Marine Le Pen, na segunda volta das presidenciais.
O atual presidente socialsita François Hollande assiste ao confronto, para já sem declarar-se candidato à reeleição e sem afirmar se poderá apoiar uma candidatura do atual primeiro-ministro, Manuel Valls.
A entrada na corrida de Emmanuel Macron é vista por alguns analistas como um desafio para uma esquerda que poderá apresentar-se fragmentada às presidenciais. O antigo ministro socialista dissidente Arnauld de Montebourg já anunciou a sua candidatura à investidura do partido, como adversário a Hollande e Valls. Em paralelo, os ecologistas decidiram avançar sozinhos com a candidatura de Yannick Jadot e os comunistas mantém o silêncio sobre uma possível coligação de esquerda.