Nicarágua: Ortega prestes a conquistar terceiro mandato

2016-11-04 6

Este domingo a Nicarágua elege um novo presidente ao mesmo tempo que renova os membros do parlamento.

O grande favorito é o atual presidente, Daniel Ortega e o partido que lidera, o partido sandinista FSLN.

O antigo líder da guerrilha, atualmente com 70 anos de idade, chegou ao poder em 1985. Regressou depois em 2006 e nunca mais saiu. Se sair vencedor das eleições de domingo, exercerá o seu terceiro mandato consecutivo.

Debaixo da sua direção, o país deu um grande passo em frente nas esferas económica, da saúde e educação. De acordo com dados divulgados pelo Banco Mundial, a Nicarágua fazia parte do grupo de países mais pobres da América Latina. Com a ajuda de países vizinhos como a Venezuela e Cuba, Ortega colocou em ação vastos programas económicos e sociais eficazes que aumentaram a sua popularidade.

Acumulação de cargos

Isto contudo significa que Ortega começou a acumular mandatos mantendo-se no poder. Em 2014 Ortega foi mais longe e modificou a constituição suprimindo o número de mandatos presidenciais consecutivos que havia sido fixado em três. Em agosto, ao anunciar a sua recandidatura, Ortega avançou com o nome da sua mulher, Rosario Murillo, para a candidatura à vice-presidência.

A alteração constitucional foi vista por muitos como uma tentativa de Ortega se eternizar no poder. Muitos consideram que se trata de uma ameaça à democracia, como afirma uma antiga comandante de guerrilha.

“Ortega controla totalmente as instituições, controlo total das instituições incluindo a polícia e o exército que funcionam como uma autêntica Guarda Pretoriana”, afirma Maria Tellez.

Sergio Ramirez, antigo vice presidente de Ortega resume assim a posição do atual presidente.

“De facto, o presidente Ortega não acredita em eleições. Ele acha que as eleições têm efeitos negativos sobre os países pois colocam as pessoas umas contra as outras. Ele acredita que deve haver apenas um partido e que isto deve acalmar o país”, adianta Ramirez.

Ameaça

Esta inquietude está igualmente presente na comunidade internacional. Contrariamente às eleições de 2011, este ano nenhum observador estrangeiro estará presente durante o ato eleitoral a fim de testemunhar o bom desenrolar do mesmo.

Receando um risco de desvio do sistema político do país, os Estados Unidos já ameaçaram bloquear as ajudas financeiras das quais a Nicarágua depende em grande medida.

Antes das eleições, as tensões subjacentes no país levaram uma parte da população a protestar contra Ortega… Serão elas suficientes para alterar este estado de coisas? A resposta não tarda e será dada pelos eleitores no domingo.

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