Os cientistas e os engenheiros do projeto ExoMars empenharam-se na missão ExoMars que chegou ao planeta vermelho. Uma missão que deu muitas reviravoltas nos últimos dias, à medida que seguimos o percurso da nave-mãe, a TGO, e do módulo de aterragem Schiaparelli.
A função da nave-mãe é digitalizar e fotografar o planeta e o entusiasmo foi grande quando entrou em órbita perfeitamente. Mas o Schiaparelli não teve tanta sorte. O objetivo era pousar cuidadosamente na poeira marciana. Mas isso não aconteceu. Esta chegada a Marte é a primeira parte de um ambicioso projeto russo e europeu que pretende procurar sinais de vida em Marte.
Andrea Accomazzo da equipa de operações da Agência Espacial Europeia, disse à Euronews: “Não sabemos exatamente o que correu mal. Comprendemos grande parte do voo, a parte inicial – a da alta velocidade e do paraquedas. Só não compreendemos a parte final, quando o paraquedas foi lançado juntamente com os propulsores. Não entendemos o que aconteceu, mas estamos a processar todos os dados para chegarmos a conclusões.”
Stephen Lewis, da Open University, no Reino Unido, que tinha um instrumento no Schiaparelli, adiantou: “Tenho sentimentos contraditórios neste momento. Gostaríamos de ter conseguido saber mais sobre a superfície. Mas, na verdade, a experiência AMELIA tem a ver com a compreensão da atmosfera, com a sua estrutura e densidade à medida que a percorremos. Eventualmente, toda essa informação chegará até nós, à exceção desta última parte. Vamos recuperar quase todos os aspetos científicos que estávamos à espera.”
O satélite TGO está em torno do planeta vermelho para procurar metano, um gás que na Terra é produzido, principalmente, por organismos vivos. Detetado em Marte em pequenas quantidades – é algo que intriga os cientistas.
Nicolas Thomas, Principal da Universidade de Berna, na Suíça, disse que existem outras razões pelas quais o metano pode estar presente: “Sabemos que existem mecanismos vulcânicos que podem produzir metano e isso tem muito pouco a ver com a vida, neste caso específico. Pode existir metano aprisionado em gelo e isso também não tem nada a ver com a existência de vida.”
A TGO está à procura de metano. Mas a missão ExoMars é muito mais do que isso, porque em 2020 vão enviar um rover até a superfície para fazer uma escavação. Pela primeira vez ,a ExoMars vai estar equipada com uma broca que vai conseguir recolher amostras até dois metros de profundidade, para posterior análise.