Tragédia do voo #MH17 provoca braço de ferro entre Holanda e Rússia

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A tragédia de há dois anos do voo MH-17, no leste da Ucrânia, em que morreram 298 pessoas, desencadeou esta sexta-feira o início de um frente a frente diplomático entre a Holanda e a Rússia.

Confrontado com a divulgação na quarta-feira com o relatório da Equipa de Investigação Internacional (JIT), que integra representantes da Austrália, Bélgica, Holanda, Malásia e Ucrânia, o governo liderado por Vladimir Putin considerou tendenciosa a investigação e por isso rejeitou as conclusões do documento.

#Zakharova: Russia is disappointed that nothing has changed in the investigation into the Boeing crash #MH17 https://t.co/VASDEIPFuI pic.twitter.com/kOFjrwGefE— MFA Russia (@mfa_russia) 29 de setembro de 2016

Indignado pelas críticas e desconfiança levantadas por Moscovo, na manhã de sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Bert Koenders, convocou o embaixador russo em Haia, Alexander Vasilievich Shulgin, e fez-lhe ver que o relatório tem de ser respeitado.

“Dada a natureza convincente das evidências, a Rússia deve respeitar os resultados que foram apresentados em vez de impugnar a investigação e semear dúvidas”, afirmou Bert Koenders, em comunicado, após e encontro.

Dutch Minister #Koenders summons Russian ambassador after Russian authorities publicly doubt professionalism of NL public prosecutor #MH17 pic.twitter.com/ZzCeh8IIh7— PJ Kleiweg (@PJKleiweg) 30 de setembro de 2016

O Kremlin reagiu à convocatória do embaixador russo na Holanda e, através de porta-voz presidencial Dmitry Peskov, considerou até serem “muito boas notícias” pela oportunidade do chefe da missão diplomática russa na Holanda “apresentar todas as considerações” relacionadas com a posição da Rússia face ao relatório revelado.

Em entrevista exclusiva à BBC, por videoconferência e divulgada pouco depois do comunicado holandês, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, reiterava a alegada falta de provas sólidas na base do relatório e lamentou a não inclusão na investigação das evidências fornecidas pela Rússia em torno da queda do avião da Malaysia Airlines.

Com a investigação ainda em curso, Lavrov espera que essas informações russas venham ainda a ser todas em conta.

Por último, já a meio da noite de sexta-feira, o ministério russo dos Negócios Estrangeiros anunciou através da porta-voz Maria Zakharova, ter também convocado para segunda-feira o embaixador holandês em Moscovo, Renée Jones-Bos, para lhe explicar de forma mais detalhada os motivos da rejeição das conclusões da investigação reveladas dois dias antes.

O relatório da JIT divulgado quarta-feira (twit em baixo) concluiu através de “evidências irrefutáveis” que o avião, um Boeing 777, operado pela Malaysia Airlines e em viagem entre Amesterdão e Kuala Lumpur, terá sido abatido a 17 de julho de 2014 por um míssil terra-ar da série 9M38, de fabrico russo.

JIT: Flight MH17 was shot down by a BUK missile from a farmland near Pervomaiskyi https://t.co/pPBoGwfSSL— JIT MH