Um raide da polícia chinesa na cidade piscatória de Wukan, na província de Guangdong, levou, terça-feira, à detenção de mais de uma dezena de pessoas, provocou confrontos e colocou a cidade 13 mil habitantes sob medidas de controlo apertadas.
Os habitantes de Wukan são famosos pela resistência às políticas de Pequim, nomeadamente contra a nacionalização de terrenos agrícolas na região. Os protestos de 2011 permitiram aos habitantes de Wuakn realizar, em 2012, eleições livres para a liderança local e a cidade tornou-se um símbolo, mesmo a nível internacional, da resistência democrática contra as imposições de Pequim.
#wukan #乌坎 draw by badiucao pic.twitter.com/KzPcvmCbI6— wukan (wukanwukan11) 14 de setembro de 2016
Em junho, as autoridades detiveram Lin Zulian, descrito como o chefe local, por suspeitas de aceitar subornos relacionados com projetos públicos desde 2012. Há cerca de um mês, Lin Zulian foi mesmo considerado culpado em tribunal de aceitar subornos na ordem dos 593 mil yuans (79 mil euros) e condenado a três anos de prisão agravada com uma multa de 200 mil yuans (26,6 mil euros). Num vídeo divulgado pelas autoridades, o chefe de Wukan terá confessado os crimes em tribunal e prometido não recorrer.
Os habitantes da aldeia desconfiaram da alegada confissão e desde junho que vinham a promover diversos protestos contra a prisão do chefe. Na madrugada de terça-feira, pelas três da manhã locais, foi lançada uma operação policial para deter os supostos cabecilhas destes protestos. Nos confrontos que se seguiuram, as autoridades terão recorrido a balas de boracha e gás lacrimogéneo.
Dramatic video of standoff in Wukan widely shared on WeChat today. pic.twitter.com/fsDW7IJS9v— Patrick Boehler 包蟠睿 (@mrbaopanrui) 13 de setembro de 2016
Uma residente de Wukan, identificada pelo apelido Lin, revelou alguns vídeos gravados pelo telemóvel com imagens dos violentos confrontos entre a polícia e alguns residentes após a operação da madrugada. “Muitos polícias invadiram a cidade e diversas pessoas foram detidas terça-feira de manhã. Os polícias agrediram idosos e crianças durante as detenções. Os polícias invadiram a aldeia e agrediram muitos dos habitantes”, acusou Lin.
De acordo com alguns relatos, a operação policial terá envolvido entre 300 e 400 agentes e foi a mais violenta desde os protestos de há cinco anos.
Protest leaders hunted as criminals; large formations of riot police attack fishermen+children; #China #Wukan now… https://t.co/2nQNq00wZj— Stephen McDonell (@StephenMcDonell) 13 de setembro de 2016
(Correspondente da BBC: “Líderes de protestos caçados como animais; muita informação sobre o ataque da policia antimotim a pescadores e crianças.)
Em Hong Kong, decorreu entretanto uma manifestação de solidariedade aos habitantes de Wukan. Um representante local da Amnistia Internacional, Patrick Poon, acusa o presidente da China, Xi Jinping, de ter tentado esta terça-feira pôr um ponto final na resistência de