Pela quinta e última vez como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama participará numa cimeira da NATO, em Varsóvia, onde os 28 chefes de Estado e governo presentes deverão completar o reforço militar no Leste da Europa. A posição de força face à Rússia, tomada pela Aliança Atlântica desde a crise ucraniana e inédita desde a queda da União Soviética, tem suscitado vivas críticas de Moscovo.
Jeffrey Rathke, antigo responsável da NATO, diz que “vivemos certamente num ambiente muito mais ameaçador. Há a questão sobre se algum tipo de invasão é iminente; penso que é pouco provável. Mas a atividade russa é tal que os Estados Unidos, em conjunto com os aliados da NATO, apercebem-se que é necessária uma medida defensiva mais forte”.
O papel exato dos Estados Unidos na proteção da Europa será um tema central do debate em Varsóvia, segundo Heather Conley. A diretora do Programa Europeu do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, afirma que “é preciso, em primeira instância, ver em que medida os parceiros europeus estão dispostos a acolher esse papel” por parte dos Estados Unidos.
A instabilidade gerada na Europa e no resto do mundo pelo voto a favor da saída do Reino Unido do bloco comunitário também marcará a cimeira, como sublinha o correspondente da euronews em Washington. Stefan Grobe diz que os Estados Unidos “tem mostrado alguma relutância em falar recentemente acerca de assuntos europeus e das ondas de choque sísmicas provocadas pelo voto do Brexit. Em Varsóvia, Obama será lembrado da fragilidade da Europa, mas a tarefa de um maior compromisso norte-americano cairá certamente nas mãos do sucessor”.