As autoridades federais dos Estados Unidos dizem não ter encontrado qualquer prova de uma ligação direta entre Omar Mateen, o homem que matou 49 pessoas numa discoteca LGBT em Orlando, Florida, e os jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico (EI) ou Daesh, pela sigla em língua árabe. Para as autoridades, Mateen seria um extremista que, nascido e criado em solo dos EUA, se radicalizou de forma progressiva à medida que ia conhecendo diferentes grupos radicais islamistas que atuam a nível internacional.
Mateen, o autor do pior ataque com armas de fogo na História dos EUA, demonstrou apoiar, por exemplo, diferentes grupos jihadistas armados. Uma atitude que para o diretor da agência federal de investigação criminal norte-americana, o FBI, James Comey, “faz com que seja ainda mais complicado entender os motivos” do atacante.
Omar Mateen, cidadão dos EUA de 29 anos nascido em Nova Iorque era de origem afegã. Foi abatido pelas forças de intervenção especial SWAT, durante a operação levada a cabo na discoteca Pulse, uma das mais conhecidas na cidade de Orlando, depois de três horas de tensão.
Director Comey and DAG Yates provide an update on the #Orlando #PulseShootings investigation https://t.co/50zIfxE0qX pic.twitter.com/uLEenNS5pp— FBI (@FBI) 13 de junho de 2016
“Até agora, não encontrámos um plano coordenado a partir do exterior dos EUA e não temos nenhuma indicação no sentido de que Mateen fizesse parte de numa rede,” disse Comey, para quem Mateen foi alvo de uma radicalização via Internet.
O FBI tinha investigado Omar Mateen durante 10 meses em 2013, mas não encontrou provas de que tivesse cometido ou viesse a cometer crimes relacionados com grupos jihadistas. No entanto, nas chamadas que realizou para o número de emergências 911, Mateen expressou o seu apoio por diferentes grupos islamistas radicais.
Entretanto, os jihadistas do Estado Islâmico, que controlam atualmente porções de território reconhecidas internacionalmente como parte integrante do Iraque e da Síria, reclamaram a responsabilidade do massacre, mas não deram qualquer informação no sentido de uma coordenação entre o grupo e Omar Mateen.
Survivor of Orlando gay nightclub shooting says he feels guilty, not lucky, to be alive. https://t.co/iecjmimpmd— The Associated Press (@AP) 14 de junho de 2016
O massacre de Orlando teve lugar depois do massacre de 14 pessoas na cidade californiana de São Bernardino, em 2015 e deixa as autoridades preocupadas a respeito de possíveis ataques de natureza islamista levados a cabo por cidadãos nacionais, muitos atuando como “lobos solitários”, ou seja, sem uma coordenação direta de grupos jihadistas no estrangeiro.
Presidente Obama em Orlando
O presidente Barack Obama deverá deslocar-se à cidade de Orlando já na próxima quinta-feira para prestar homenagem às vítimas da discoteca Pulse. Obama teceu duras críticas à atual lei de porte de armas vigente nos Estados Unidos, dizendo que era preciso ter consciência do perigo a mesma representava para a cidadania:
“Foi um ataque devastador para todos os norte-americanos. Especialmente doloroso para as gentes de Orlando, embora reconheça que poderia ter acontecido em qualquer parte do país,” disse Obama.
“In the face of hate and violence, we will love one another. We will not give into fear.” —POTUS https://t.co/i7fOS38GzH— The White House (WhiteHouse) 12 de junho de 2016
“Temos de nos assegurar de que refletimos acerca dos riscos que estamos dispostos a tomar ao deixarmos que seja tão fácil para as pessoas deste país comprar armas de fogo tão potentes,” concluiu.
Obama tinha anteriormente descrito o massacre de Orlando com um ato “de terror e de ódio”.
Minuto de Silêncio no Congresso
O Congresso dos Estados Unidos fez um minuto de silêncio pelas 49 do ataque da madrugada de domingo.
Mas vários democratas recusaram participar, por acharem que a câmara não tem feito o suficiente para proteger os cidadãos dos Estados Unidos de massacres como o de Orlando. O minuto de silêncio chegou mesmo a ser interrompido por protestos de alguns membros do Partido Democrata.