As tentativas de contenção da lama e dos rejeito que vazaram da barragem da Samarco em Mariana e atingiram a foz do Rio Doce no Espírito Santo não impediram que os igarapés – berçários de caranguejos e de peixes – fossem tingidos de vermelho e nem que a maré levasse os detritos à parte norte da reserva ecológica de Comboios, o único ponto fixo de desova das tartarugas-gigantes no Brasil. É mais um santuário atingido pelo desastre, que já havia afetado 1 mil hectares de áreas de preservação permanente por onde passou, incluindo unidades como o Parque Estadual do Rio Doce. A primeira tentativa foi de barrar os resíduos com nove quilômetros de boias. A mineradora havia afirmado que a medida reteria 80% dos resíduos, mas praticamente todo material ultrapassou o obstáculo. E há outras dificuldades: máquinas que tentam alargar a foz atolam na areia e trabalham em ritmo lento. Em quanto isso, pescadores, moradores e ambientalistas aguardam com angústia a chegada da parte mais espessa da lama de mineração.