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Profissão Repórter - Transporte Escolar - 11/08/2015
Crianças enfrentam pau de arara e longas caminhadas para estudar. Em cidades do interior do Brasil, o transporte escolar é precário. Já em SP, a discussão é sobre a obrigação das cadeirinhas nas vans.
Vão das Almas – GO
Vão das Almas é uma das comunidades mais isoladas da Chapada dos Veadeiros, no interior de Goiás. O lugar é um quilombo habitado por descendentes de escravos há mais de 300 anos. Ali, as crianças acordam com o galo, que canta às 4h da manhã. Dona Irani, que cuida dos filhos, sobrinhos e netos em uma casinha de palha, prepara o café para as crianças que vão para a escola.
Mas é só café. A escola fica a 7 km dali e o meio de transporte é o próprio pé. Quando o rio está cheio, eles não vão para a escola. Para atravessar, eles tiram o tênis, arregaçam as calças e caminham pela água. Volta e meia encontram peixe elétrico, sucuri, arraia.
Depois de a aula já ter começado há quase duas horas, alguns alunos ainda estão chegando, porque moram muito longe. O aprendizado fica comprometido. Nesse dia, as crianças tiveram uma hora a menos de aula, por falta de merenda.
A cidade tem um ônibus comprado pela Prefeitura através do programa Caminhos da Escola, mas ele não estava levando as crianças. O secretário de transportes, Rui Maciel, disse que o ônibus precisa ir para a revisão e que só depois será usado pelos alunos. Já a promotora da cidade
Úrsula Pinto garante que o ônibus foi comprado em 2012 para levar os alunos e que desde então ela cobra uma solução da Prefeitura. Enquanto o Profissão Repórter gravação com a promotora, chegou um ofício da Prefeitura dizendo que o ônibus escolar ia passar a funcionar a partir da segunda-feira seguinte. A promessa foi cumprida.
Marajá do Sena – MA
A renda mensal por habitante de Marajá do Sena é de R$ 96. É a cidade mais pobre do país, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano, que avalia as condições dos municípios brasileiros.
Na única escola da cidade, o pau de arara que leva as crianças de volta para casa no final do dia sai às 17h. O Profissão Repórter acompanhou o trajeto de quase 40 alunos. No meio do caminho, um trator precisa puxar os veículos que atolam.
Quando chove, não tem como chegar. Já estava escuro quando o pau de arara conseguiu finalmente passar.
Transportar estudantes no pau de arara é proibido por lei. Todos têm que ter um assento e usar cinto de segurança.
Arataca – BA
Tentando acessar uma das fazendas em que as crianças vão de bicicleta para a escola, o carro da produção atolou no barro. Enquanto isso, os alunos caminham descalços até a escola para não sujar os tênis. Outros vão de bicicleta, pois a cidade do sul da Bahia recebeu 300 de um programa federal de apoio a alunos em áreas rurais.
Às 17h, terminam as aulas na principal escola de Arataca e é hora de voltar para casa. O ônibus escolar vai bem acima da lotação máxima e está em condições precárias. O transporte escolar só vai até certo ponto, depois os alunos seguem em uma picape até onde moram.
São Paulo – SP
Na capital paulista são aproximadamente 13 mil veículos escolares. As vans têm que seguir as normas do Contran e serem aprovadas pelo Inmetro, que atesta a qualidade de produtos. Os bancos devem ter 30 cm, o cinto ser ajustado de acordo com o tamanho da criança e as costas ficarem bem apoiadas.
A nova determinação do Contran diz que a partir do ano que vem todas as crianças até sete anos e meio precisarão ser transportadas em cadeirinhas. Para se adaptar à nova leia, as vans de São Paulo só poderão levar 14 crianças, quatro a menos do que hoje. A maior preocupação dos motoristas é com o custo da reforma do veículo, que deve ficar em torno de R$ 27 mil.
Os motoristas de vans escolares são contra a lei e realizaram a primeira manifestação nacional no dia de sua publicação. A lei já existe, mas o Contran ainda não decidiu como ela vai funcionar na prática.