Daqui, deste mar, eu vejo a vida
até onde o olhar não pode mais.
Acerto o passo ao ritmo das ondas,
de vaga em vaga, vou divisando o cais.
E neste navegar ergo palavras,
levanto o reino de um tempo já perdido,
pressinto por trás das vagas outras vagas,
paro inerte neste sigo, não sigo.
E ainda que na moldura desse olhar,
eu dispa cada onda no regresso,
retalhe o meu corpo devagar,
entrando lentamente em cada verso.
Maria da Fonte