O combate contra a diabetes de tipo 2

2015-01-07 30

Na Bélgica, um projeto de prevenção de riscos na área da saúde combina desporto e formação para pessoas com Diabetes. Philippe Pirard é enfermeiro e monitor de vela.

“As pessoas diabéticas devem medir a glicemia, ou seja calcular o nível de glicose no sangue. Os nossos médicos dizem-nos para fazê-lo quatro vezes por dia. Picamos o dedo, desta forma. A pequena gota de sangue é colocada num aparelho de teste e em cinco segundos temos o resultado”, explicou Timothée, um dos participantes que sofre de diabetes de tipo 1.

Na Diabetes de Tipo 1, as células ß do pâncreas deixam de produzir insulina. As causas da doença não são, ainda, plenamente conhecidas.

A Diabetes de tipo 2, a mais comum, é causada por um desequilíbrio no metabolismo da insulina. A doença pode passar despercebida durante anos e manifesta-se, geralmente, a partir dos 40 anos.

“Há por uma lado a Diabetes de tipo 1 que é uma doença auto-imune. O sistema imunitário ataca as célula beta.Essas células morrem e o paciente deixa de ter células beta e de produzir insulina. Na diabetes de tipo 2, as células beta continuam presentes no pâncreas mas existe uma disfunção, estão lá mas não produzem insulina suficiente”, explicou Miriam Cnop, investigadora na Universidade Livre de Bruxelas.

O Instituto Nacional da Saúde e da Investigação Médica em Paris (Inserm) dedica-se ao estudo da doença há mais de trinta anos. A equipa liderada pelo professor Scharfmann ambiciona descobrir uma forma de produzir insulina.

1.46 SOUNDBITE (French) Raphaël Scharfmann, Biologiste, Inserm

“Criámos, com se vê no ecrã, células beta humanas que produzem e contêm insulina, estão aqui representadas a vermelho”, explicou Raphaël Scharfmann, biólogo no Inserm.

O mais difícil para os investigadores foi recriar as células humanas.

“Tínhamos demonstrado que a partir de um pedaço do pâncreas humano pré-natal implantado em ratinhos podíamos obter as células que nos interessavam, as células beta mas a quantidade era insuficiente.
Acrescentámos às células o que chamamos de gene imortalizante que permitiu a amplificação nos ratinhos das células beta humanas, recuperá-las e colocá-las em caixas de cultura. Essas células vão ser extremamente utéis para compreender a forma como as células beta pancreáticas são destruídas ou funcionam mal nos pacientes diabéticos. Talvez um dia possamos descobrir novos medicamentos para diferentes tipos de diabetes”, acrescentou o investigador.

A Diabetes tipo 2 está associada à obesidade e ao sedentarismo. O número de casos tem vindo a aumentar de forma vertiginosa. A universidade Católica de Louvain, na Bélgica, estuda atualmente uma bactéria que poderá abrir portas a novos tratamentos.

“Descobrimos a bactéria por mero acaso. É importante sublinhar que temos 100 mil milhões de bactérias no intestino e já sabemos há muito tempo que essas bactérias nos ajudam a digerir os alimentos. Neste caso preciso foi possível demonstrar que a bactéria akkermansia podia dialogar com as nossas células humanas e modificar a utilização do açúcar no organismo com melhorias para a diabetes de tipo 2. Atualmente, estamos a estudar a possibilidade de administrar esta batéria em pacientes obesos e diabéticos de tipo 2. Esperamos obter respostas daqui a dois anos e saber se podemos administrar a bactéria como complemento do tratamento da diabetes de tipo 2, sim ou não”, explicou o investigador Patrice Cani, professor na Universidade Católica de Louvain.

Em Portugal, mais de um milhão de pessoas sofre de diabetes. Uma em cada três crianças é obesa, o que aumenta o risco de desenvolver a doença.

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