A Alemanha insiste nas novas regras da zona euro e repete: “Se os gregos recusarem aplicar as medidas de austeridade, serão deixados à sua sorte”.
Poderá esta tomada de posição de Merkel, significar que a Alemanha pondera deixar sair a Grécia da zona euro?
A hipótese avançada pela revista alemã “Der Spiegel”, já fez cair o euro. Esta queda, ao mesmo tempo que reflete a inquietação dos investidores, serve os interesse da Alemanha.
O analista Fidel Peter Helmer assume:
“Os países exportadores estão inegavelmente felizes com a baixa do euro pois os bens começam a ser baratos para os estrangeiros. “
As exportações são o motor da primeira economia da União. Em 2013, representaram 46% do PIB alemão.
A França é o primeiro destino, mas a seguir estão os Estados Unidos.
Um euro fraco, tem todas as hipóteses de estimular a procura americana dos produtos “Made in Germany” e, por isso, relançar a indústria que perde velocidade. O drástico recuo da produção do setor, no verão passado, quase fez cair a Alemanha na recessão.
A queda do euro, em simultâneo com o recuo do preço do petróleo, torna os combustíveis mais baratos para o consumidor e, portanto, mais rendimentos disponíveis para as famílias.
Jörg Krämer, explica:
“A combinação de um euro fraco com a baixa dos preços do petróleo, impulsionam consideravelmente a economia e, para nós, é uma importante razão de expetativa em termos de saída da economia alemã da estagnação em que viveu nos últimos meses, e de crescimento lento.”
Outro efeito do euro em baixa é a inflação importada, porque o risco deflacionista acentua-se na zona euro; na Alemanha, os preços aumentaram 0,1% em dezembro e em Espanha recuaram mesmo 1,1%.
O Banco Central Europeu teme uma espiral como no Japão, onde os consumidores adiam as compras, à espera que os preços desçam.
A solução proposta por alguns economistas é a compra massiva de ativos, o mesmo que produzir moeda. Berlim considera a operação demasiado cara.
A saída da Grécia da zona euro, pode custar muito caro à Alemanha, que detém 65 mil milhões de euros da dívida grega.
Berlim desmentiu as afirmações do “Der Spiegel”, mas o facto é que a baixa do euro lhe é favorável.