O tribunal de segunda instância de Roma anulou a condenação contra o principal responsável de um dos mais graves escândalos sanitários do país, no maior processo de contaminação por amianto de sempre.
Face à ira dos familiares das mais de 3.000 vítimas das fábricas de fibrocimento Eternit, os juízes reconheceram esta quarta-feira que os factos imputados se encontram prescritos, desde 1998.
Stephan Schmidheiny, o industrial suíço à frente da companhia, falida em 1986, tinha sido condenado a 16 e a 18 anos de prisão, em 2012 e 2013, por “catástrofe sanitária e ambiental e infração às regras de segurança no trabalho”.
O familiar de uma das vítimas afirma-se surpreendido, “havia uma atmosfera teatral dentro do tribunal, tudo tinha sido já dito, decidido e havia mesmo quem brincasse com a situação”.
A familiar de uma vítima de nacionalidade brasileira fala de uma “amnistia”: “a Itália que prentendia mostrar o exemplo mostrou-nos hoje que Schmidheiny é um homem livre e sem qualquer acusação contra ele”.
O processo remonta aos anos 1970 e 1980 quando mais de três mil trabalhadores e habitantes dos arredores de três fábricas da Eternit em Itália contraíram infeções mortais na sequência da exposição quotidiana ao amianto, na cadeia de montagem de componentes em fibrocimento para a construção civil.
A anulação da sentença por prescrição, suspende igualmente os 90 milhões de euros de indemnizações reclamados pelas vítimas.