Foi aberto ao público, em Roma, o “bunker” privado do antigo ditador italiano Benito Mussolini. Construído pouco depois da entrada da Itália na II guerra Mundial ao lado dos nazis, em 1940, este abrigo estava ligado por túneis à antiga residência oficial de Mussolini, na Villa Torlonia, o palácio conhecido como Casino Nobile. A função desta estrutura era proteger o ditador e a família durante a guerra.
A abertura do “bunker” representa o primeiro passo da Fundação Museu do Holocausto para tornar a Villa Torlonia, na capital italiana, uma referência na reflexão sobre o período mais negro da Itália no século XX. “Depois de entrar na guerra, Mussolini mandou construir este abrigo para ele e para a família. Decidiu adaptar a cave usada para o vinho e integra-la neste “bunker” antiaéreo. O abrigo não foi feito em materiais que garantissem total proteção sob eventuais bombardeamentos, por isso, surgiu a decisão de construir um outro “bunker” dentro do complexo do palácio. Foram necessários alguns reajustamentos”, conta-nos Marco Placidi, o presidente da associação sem fins lucrativos “Sotterranei di Roma” (tr.: “Subterrâneos de Roma”).
Mussolini governou a Itália entre 1922 e 1943. É lembrado, sobretudo, pela aliança com a Alemanha Nazi de Adolf Hitler, na II Guerra Mundial, e pelas leis racistas com que perseguiu os judeus no país.
Para o presidente da Câmara de Roma, Ignazio Marino, abrir o “bunker” privado de Mussolini serve para lembrar esta parte negra da história italiana: “De facto, nós acreditamos que o que se passou no século passado não deve voltar a acontecer. Nunca. É por isso que é tão importante que estejamos aqui agora. Precisamos de ensinar às nossas crianças conceitos tão importantes como a liberdade e o facto de que todos fomos criados iguais.”
Mussolini foi morto por comunistas em abril de 1945 quando tentava escapar às forças aliadas. O corpo do ditador foi pendurado pelos pés e exposto em público, na altura, em Milão.
O “bunker” original do ditador foi agora, pela primeira vez, colocado acessível ao público. Os outros dois abrigos abertos há oito anos e logo fechados, por ter sido detetado gás radioativo no interior de ambos, já foram, entretanto, renovados e estão também abertos ao público.