O resultado das eleições ucranianas vai ajudar a terminar o conflito? Vai o novo governo aumentar a pressão sobre os separatistas? Deve a União Europeia e o resto do Ocidente aliviar as sanções contra a Rússia ou esperar para ver? Ter conseguido organizar eleições no meio desta crise já é um feito para a Ucrânia. Se o escrutínio é a resposta, essa é uma outra questão. Os desenvolvimentos são contraditórios, o cessar-fogo não chega a ser aplicado, as tropas russas recuam, mas Moscovo continua a apoiar os rebeldes.
Segundo Dmytro Kuleba, embaixador ucraniano, Kiev está disposta “a encontrar um compromisso, mas há três pontos que não estão abertos a negociações: a integridade territorial, a soberania e o caminho político da Europa. Todos as outras questões podem ser alvo de debate com os rebeldes – podemos dialogar com a Rússia, podemos falar com todos aqueles que puderem ajudar a terminar com a crise na parte este da Ucrânia.”
Johannes van Baalen, eurodeputado liberal holandês (membro da comissão parlamentar para a Ucrânia, tendo sido observador nas eleições), considera que “a chave está nas mãos de Putin. É ele o agressor. É ele quem pode pôr cobro à violência e deixar que os ucranianos resolvam o assunto eles mesmos. A única solução é pressionar Putin. (...) A Ucrânia devia seguir o exemplo da Polónia: reformas concretas, luta contra a corrupção, um governo melhor. Tudo isto é possível.”
Já Daniel Gros, diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus, salienta que “os rebeldes sabem muito bem onde querem chegar: pretendem um Estado independente e isso é algo que nenhum governo ucraniano está disposto a conceder. (...) Há muito pouco para negociar porque são pessoas que querem vencer pela força das armas. É pouco provável que façam cedências se houver eleições. Apesar de continuar a haver negociações, a verdade é que as armas vão falar mais alto. Aliás, já falaram e é isso que está a determinar as coisas.”