“O Navio Fantasma”, uma obra de Wagner, de 1943, na Ópera de Lyon. Em 1839, Wagner embarca de Riga para Paris. Nessa viagem de barco, sobreviveu a uma violenta tempestade que inspirou esta ópera.
Álex Ollé situou a história num porto do Bangladesh, o porto de Chittagong, um dos mais poluídos do mundo, conhecido como o inferno na Terra: “Há um elemento de fantasia que, de alguma forma, evoca um drama ligado ao tempo do Romantismo. Quis tornar esta obra contemporânea e transportá-la para os dias de hoje. Acho que criámos um forte universo visual a partir da música. O prólogo, por exemplo, tem dez minutos, onde criámos um espaço quase virtual com projeções em 3D, com o navio no mar, a partir de um suporte que é o próprio cenário. Algo que gera imagens muito poderosas. Creio que é uma música muito cinematográfica. É uma música que permite que o espetador se deixe levar…”
No terceiro ato, o coro surge de forma magistral. As vozes personificam os temas principais deste drama: o comportamento errante, a maldição, a morte e a redenção.
“A ópera está a passar por um momento muito importante, a aproximar-se de um novo público. Até agora, era considerado um espetáculo burguês, para entendidos. Mas com propostas como a nossa, a Ópera abre-se a outros públicos. Por exemplo, é um teatro que mostra que a média de idades do público de Lyon é de 40 anos. Ou seja, são pessoas relativamente jovens”, conclui Álex Ollé.
Kazushi Ono conduz a orquestra. Magdalena Anna Hofmann e Simon Neal são os protagonistas do “Navio Fantasma”, atracado na Ópera de Lyon, até 26 de outubro.