Cantar, trabalhar nos cenários, na iluminação ou fazer a maquilhagem. Estas são algumas das tarefas dos refugiados que participam num projeto especial de ópera, na Alemanha.
Este projeto gira em torno da obra “Cosi fan tutte” de Mozart.Uma ideia de Bernd Schmitt para unir cantores profissionais, músicos e refugiados, todos no mesmo projeto. Os refugiados sírios foram acolhidos num mosteiro franciscano do século XIV, no sul da Alemanha.
A mezzo soprano Cornelia Lanz liderou o projeto: “Durante a minha vida na Alemanha nunca senti a guerra, mas agora sentados juntos, a conversar e a ver filmes, fico muito emocionada e magoada com o que a guerra faz com as pessoas. A guerra é transportada para este projeto, queremos fazer com que seja uma mensagem de paz para a Síria e para mundo inteiro.”
Alguns dos refugiados, como Mayza Chemali, estavam reticentes no início, mas agora dizem-se agradecidos porque conseguiram quebrar a rotina no novo país de acolhimento: “No início achava que não era bom estar na Alemanha, que era aborrecido e que não tínhamos futuro aqui. Mas depois da ópera e depois de cantarmos as nossas escalas, vi que existe um futuro para nós. Estou entusiasmada por estar na Alemanha, temos sorte por estar aqui.”
Ahmad Osmani quis incluir uma canção de liberdade intitulada “Janna Janna”. Antes de deixar o seu país, Osmani passou seis meses na prisão: “Janna significa paraíso. Existe uma mensagem na música, queremos enviá-la a todo o mundo. A nossa mensagem pede paz. Para acabar com a guerra. Chega de sangue. Esta é a nossa mensagem.”
A ópera já estreou em Stuttgart e as críticas têm sido muito positivas. “Cosi fan tutte” segue em digressão pela Alemanha, com uma atuação prevista para o final do mês de Fevereiro, em Berlim.