Para financiar as operações militares, o grupo extremista Estado Islâmico conta, sobretudo, com os campos petrolíferos que controla na Síria e no Iraque. Mas quem compra o petróleo que produz?
Estima-se que o grupo arrecade entre 1 e 3 milhões de dólares por dia. O petróleo vem dos campos que mantém a funcionar com funcionários locais, que querem manter o emprego ou que são ameaçados.
No total, os extremistas controlam 11 campos de petróleo na Síria e Iraque. O petróleo refinado é vendido em pequenas quantidades através de redes de traficantes no norte da Síria, Iraque, Turquia e Irão. As autoridades oficiais desmentem.
Luay al-Khatteb, fundador e diretor do Instituto iraquiano de Energia, explica: “Os volumes são muito limitados, em termos de números falamos de cerca de 70 e 80 mil barris. No melhor dos cenários, é transportado em camiões através da fronteira, mesmo se o governo turco faz o possível para controlar a fronteira. Mas é difícil. Falámos de 1200 quilómetros de fronteira comum entre Turquia, Síria e Iraque”.
ISIL vende o petróleo através de revendedores, que possuem o próprio camião e que têm ligações ao mercado negro e pequenas refinarias.
E se as autoridades iraquianas reconhecem ter apreendido muitos camiões, há também estradas alternativas e esquemas fraudulentos em vigor há décadas. Quem o diz é o governador de Kirkuk, no Iraque.
Já alguns analistas e jornais acusam o regime sírio de Bashar Al-Assad de fechar os olhos ao tráfico do grupo que diz combater.
Luay al-Khatteb acrescenta: “As quantidades de petróleo vendidas são feitas através de redes locais de tráfico. São negócios ilícitos e não vejo, a este nível, o envolvimento de corretores internacionais. Se desaparecer não terá impacto nos 88 a 90 milhões de barris negociados por dia”.
Segundo os rumores, ISIL está a vender o petróleo a cerca de 18 dólares por barril muito abaixo das cotações oficiais. O barril de Brent vale, por exemplo, cerca de 96 dólares.
No mercado mundial, a dezenas de instalações controladas pelos extremistas é apenas uma gota. Mas as receitas são elevadas, levando os Estados Unidos e os aliados a atacar e destruir alguns campos e refinarias e a acentuar a pressão sobre os países vizinhos.