Com o passar do tempo, compositoras foram ganhando mais espaço.
Nomes como Rita Lee e Marisa Monte são referências de grande sucesso.
É impossível imaginar a música popular brasileira sem as suas musas e as suas criadoras. No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Por isso, Nelson Motta preparou uma coluna especial sobre as vozes femininas da MPB.
Desde que a música é música nada inspirou mais canções, as melhores e as piores, do que as mulheres, tanto as piores como as melhores. Mas só recentemente, enfrentando séculos de machismo, as mulheres puderam passar de musas a autoras da sua própria história na música popular.
Da pioneira Chiquinha Gonzaga à roqueira Pitty, as mulheres ralaram muito pelo direito de compor no Brasil. Chiquinha foi muito mais do que uma compositora de grande talento e uma das fundadoras do Carnaval brasileiro, foi uma heroína da emancipação feminina com a sua música.
Nos anos 1950, ao lado de Tom Jobim e Newton Mendonça, Dolores Duran é um dos maiores talentos da geração que antecipou a Bossa Nova. Dolores morreu com 29 anos deixando muitos clássicos e abrindo caminho para as compositoras brasileiras.
Aos poucos, foram aparecendo novas autoras de talento, como Joyce, Suely Costa e Angela Rorô, que enfrentaram o preconceito e conquistaram respeito e popularidade com sua música.
Lenda viva do samba, primeira mulher a integrar uma ala de compositores de uma escola, aos 92 anos, dona Ivone Lara é a matriarca das nossas compositoras.
Nos anos 1980, no mundo masculino do rock, elas se afirmaram como as compositoras poderosas. Hoje, o sucesso internacional de Marisa Monte não é só por ser uma grande cantora, mas também uma compositora inspirada, que cria o seu próprio repertório e sabe escolher os seus parceiros.
Hoje elas estão entre os melhores compositores do momento, competindo e ganhando da maioria dos homens que dominavam a cena musical. Herdeira de Chiquinha Gonzaga e maior estrela do rock brasileiro, Rita Lee não só se tornou uma das nossas maiores compositoras, como expressou como ninguém a dor e a delicia de ser mulher no Brasil.
Edição do dia 07/03/2014
